Conhecer o AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um evento que ocorre quando o sangue é impedido de chegar ao cérebro. O sangue transporta todos os nutrientes e oxigénio necessário ao seu normal funcionamento.

Toda a atividade do corpo é comandada pelo cérebro e no momento em que lhe falta suprimento de sangue ela é comprometida. Um AVC pode danificar apenas uma zona, por exemplo, a que controla a fala, ou diferentes zonas, como a visão, a locomoção, o entendimento.

Quanto maior for a extensão da lesão cerebral e quanto mais tempo as células cerebrais estiverem sem fornecimento de sangue maior é a gravidade do AVC, podendo ocorrer enfarte cerebral – morte do tecido cerebral.

Também podem ocorrer os chamados “mini AVC” (AIT – Acidente Isquémico Transitório) que resultam de uma falta de aporte sanguíneo ao cérebro por um período transitório.

Existem dois tipos de AVC – isquémico e hemorrágico, sendo o primeiro mais comum.

A isquemia ocorre por bloqueio da passagem do sangue para as células. Este impedimento pode ser por trombose (formação de coágulo no interior de uma artéria principal na direção do cérebro), por embolia (coágulo de sangue, bolha de ar ou glóbulo de gordura, que é arrastado na corrente sanguínea e entope uma artéria de calibre mais fino) ou por espasmo das artérias mais pequenas no interior do cérebro.

O AVC hemorrágico dá-se por derrame de sangue no tecido cerebral, quando um vaso sanguíneo rebenta. Pode ter origem dentro do cérebro (intracerebral) ou na zona superficial do cérebro (subaracnoideia).

Reconhecer os sinais de AVC:

É importante saber reconhecer os sinais de AVC, pois quanto mais rápida for a assistência maior a probabilidade de recuperação.

Avaliar assimetrias no rosto, paralisia num dos membros ou perturbações da fala. Caso se verifique algum destes sinais deve ser acionada a linha de emergência médica – 112 – o mais rápido possível.

 (Associação portuguesa do AVC, 2009)

Quem pode ter um AVC?

1 – Pode ocorrer em qualquer idade.

2 – Existe na maior parte das vezes um contributo multifatorial para o seu aparecimento.

3 – Os fatores de risco (não-modificáveis e modificáveis) aumentam a sua probabilidade.


Os Fatores de risco “Não modificáveis” são os que não podem alterar-se, tal como: género, idade e fatores genéticos (história familiar).

Estimativa da prevalência de Acidente Vascular Cerebral na população portuguesa em 2013, sexo por grupo etário. (Mafalda Sousa-Uva, Carlos Matias Dias Boletim Epidemiológico Observações, 9,2014, INSA)grafico 1

A idade é um fator de risco para ambos os sexos, risco este que vai aumentando após os 35 anos, sendo mais prevalente nos homens.


Fatores de risco “Modificáveis” são os que dependem da conduta e estilo de vida das pessoas, como: dislipidémia (gordura excessiva no sangue), diabetes (excesso de açúcar no sangue), hipertensão arterial, excesso de peso, tabagismo, abuso de bebidas alcoólicas e sedentarismo (pouco exercício físico).

Estes fatores de risco devem ser observados como um risco global e a sua abordagem deve passar por controlar todos em simultâneo. Os fatores de risco potenciam-se uns aos outros, pois quando existe excesso de peso aumenta a probabilidade de diabetes, hipertensão arterial e colesterol no sangue. (Mafalda Bourbon, Natercia Miranda, Astrid Moura Vicente, Quitéria Rato. Doenças cardiovasculares, como prevenir- Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, DGS)


As doenças cérebro-cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal. (Rui Cruz Ferreira PORTUGAL DOENÇAS CÉREBRO-CARDIOVASCULARES EM NÚMEROS – 2015, DGS)

Segundo um estudo elaborado no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge demonstrou-se que, em Portugal, numa população entre os 18 e os 79 anos, cerca de 55% das pessoas têm 2 ou mais fatores de risco cardiovasculares: mais de metade tem excesso de peso ou obesidade; cerca de 40% têm hipertensão arterial; 1/4 são fumadores e cerca de 30% têm colesterol muito elevado. (Mafalda Bourbon, Natercia Miranda, Astrid Moura Vicente, Quitéria Rato. Doenças cardiovasculares, como prevenir- Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, DGS)

Percentagem de óbitos por causas de morte em Portugal (1988-2013)

grafico 2

 (PORDATA percentagem óbitos por causas de morte, INE 2017)

Verifica-se uma queda no número de mortes nas doenças cérebro-cardiovasculares, sobretudo devido à inovação tecnológica na saúde e à sua implementação no sistema nacional de saúde. Houve um aumento da rede de assistência pela “via verde coronária” e “via verde AVC” (protocolos de encaminhamento rápido dos doentes, pelo INEM, até ao hospital de referência para o tratamento). (Rui Cruz Ferreira, PORTUGAL DOENÇAS CÉREBRO-CARDIOVASCULARES EM NÚMEROS – 2015, DGS)

Um AVC pode ser fatal caso as funções vitais como a respiração sejam suprimidas. Contudo, de todas as pessoas que sofreram um AVC, cerca de um terço poderá recuperar de forma significativa dentro de um mês.

Ainda há muito por fazer para diminuir o risco cardiovascular da nossa população.

 Seja ativo, escolha a alimentação saudável para controlar o peso, os níveis de colesterol e açúcar no sangue, vigie a sua pressão arterial e reduza os níveis de stress.

“Não há melhor remédio que a prevenção”

Promova a sua saúde!

Célia Conceição

Cardiopneumologista do Hospital São João Baptista

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