À conversa com a Saúde Mental

 

O regresso… gradual mas presente

 

OUVE-SE, VÊ-SE, LÊ-SE, SENTE-SE no ar, a pressa. Há uma vontade enorme de regressar à dita normalidade. Mas esta normalidade é uma nova realidade, e acredito que hajam alterações que todos nós devemos abraçar e seguir, de forma a que todos os nossos prévios esforços não tenham sido em vão.

Para tal, aqui ficam algumas sugestões que cada um pode adoptar:

  • Comece por elaborar um plano de medidas a aplicar aquando da saída à rua e do regresso a casa: o que tem que levar consigo? No regresso a casa o que tem que fazer e como deve agir?
  • Se se sentir ansioso por sair à rua, compreenda que tal é legítimo. Veja esta ansiedade como algo protector que permite tomar medidas pró-saúde pessoal e global. Caso seja uma saída necessária recorde-se do plano de medidas que elaborou, descrevendo-as, mentalmente, uma a uma.
  • Identifique quais os seus medos, receios e inseguranças e tente compreender qual o seu papel face ao momento que vivemos e se são, de facto, fundamentados.
  • Mantenha-se informado, privilegiando, sempre, fontes oficiais e estabelecendo um momento do seu dia para fazer essa mesma atualização. Evite informação veiculada por meios pouco rigorosos e credíveis;
  • Privilegie o autocuidado dedicando algum tempo do seu dia a si próprio. Pratique exercício físico, leia um livro, ouça música, tome um banho relaxante. Mantenha as atividades agradáveis que adoptou durante a quarentena;
  • Regresse, de forma gradual, aos contactos sociais, sempre adotando as medidas de segurança, de higiene e de etiqueta respiratória necessárias;
  • Mantenha uma rotina de sono de qualidade – uma vez que o sono é fundamental para o equilíbrio do cortisol (hormona responsável pelo stress) no nosso corpo;
  • Estabeleça objetivos a curto e médio prazo, para que, mesmo com esta nuvem de incerteza sinta que tem um propósito e uma meta.

Permita tempo a si próprio para se ir adaptando e gerindo esta nova realidade, não colocando demasiada pressão em si e nos outros. Permita-se ter tempo. Se, posteriormente, achar que não está a conseguir lidar com este regresso, pode procurar ajuda de um especialista. Parafraseando Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, “os psicólogos sempre foram profissionais especializados em comportamento”, disponíveis não só em tempo de crise, mas também em tempos de recuperação e crescimento, trabalhando para a prevenção das crises e para estarmos mais preparados para lhes resistir.

 

Votos de um bom regresso,

Joana Santos, Psicóloga

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